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21-06-2006

É assim a nossa Crise


Editorial - A Crise

Propalam-se, por tudo e por nada, as dificuldades financeiras do nosso País.

Parece ser hoje essa a missão fundamental de muitos dos nossos governantes. Não há visita que façam, programa que lancem, discurso que profiram, em que não mencionem a palavra crise, que não acenem com a falta de dinheiro, de recursos, etc?

A crise parece ser a verdade que muitos já achamos como demasiado avassaladora e limitadora da nossa evolução como comunidade, como povo e, às vezes, até como Nação.

A crise tem condicionado a iniciativa de cada um dos portugueses e, por isso, até o Presidente da República nos recorda que devemos estar preparados para contar menos com o Estado e mais connosco próprios. E esse, parece-me ser um aviso sério. Tomemos como exemplo a gestão da segurança social. Os sucessivos governos têm-se limitado a adiar a falência do sistema com medidas mais ou menos discutíveis do ponto de vista económico mas, uma coisa é certa: somos cada vez menos a pagar reformas maiores a cada vez mais utentes.

A crise também já alastra nas Câmaras Municipais. Muitas, porque a dita penúria estatal as atinge, por carambola, outras porque a esse fenómeno juntaram investimentos, altamente não produtivos, como os estádios de futebol para o euro 2004 e gestões baseadas no sobre endividamento.

Mas a crise só vem de cima para baixo, só atinge as estruturas da administração mais baixas, por via de uma contenção, que não é programada e que muitas vezes é irracional.

A crise é de competência, de valores e de falta de senso. E dessa crise todos os portugueses têm culpa porque com ela pactuam.

Três pequenos exemplos;

O governo que inovar, aplicando os chamados choques tecnológicos. Ora bem, o último foi a possibilidade de pagarmos o imposto de selo dos carros pela Internet. Eu tentei pagar, não consegui e garanto-vos, não sou nenhum info-excluído. Mas, para este processo fluir, atrasaram o período de liquidação em um mês e convenientemente dilataram a data de pagamento do imposto às autarquias para Outubro. Se fosse presidente de Câmara, começava já a mandar notas de débito com os respectivos juros de mora. Uma crise de competências.

Um presidente de câmara, perdedor nas últimas eleições, foi recompensado pelo governo com um cargo num dos muitos institutos públicos lisboetas. A gestão punida pelo voto popular foi premiada pelo governo. Não está em causa a competência técnica do visado embora a sua área de formação pouco tenha a ver com a missão do referido instituto. Acontece, porém, que a administração era composta por duas pessoas e passou agora a ser composta por cinco que decerto não dividem os vencimentos dos anteriores dois administradores. Crise de valores.

A caminhada da selecção nacional de futebol no campeonato do mundo na Alemanha está ser acompanhada pelos nossos emigrantes. A força que têm passado à selecção é inversamente proporcional ao desprezo com que têm sido tratados pelos “gestores” da comitiva. Ao invés, o número de ministros, secretários de estado, directores gerais, etc. que deixam a governação para verem o futebol na Alemanha tem crescido exponencialmente. Uma verdadeira crise do chamado senso comum.

Por isso, a crise está nas nossas mãos. A crise é tudo confiarmos a este Estado que se auto-alimenta de esquemas e que só consegue emagrecer em anúncios de televisão e discursos na AR. A crise existe quando não sabemos exigir rigor, transparência, competência. A crise revela-se nos livros portugueses, que faltam nas bibliotecas alemãs, nos leitores que não temos nas universidades germânicas, na instabilidade que têm os professores de português na Alemanha, em contraponto com os urros de contentamento que os governantes dão num qualquer camarote a cada golo de Portugal na mesma Alemanha.

É assim a nossa Crise

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


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